Sumário
O diagnóstico do Diabetes tipo 2 ainda gera muitas dúvidas, apesar da grande prevalência da doença. Saber como identificar os sintomas e conhecer os exames que podem nos levar ao diagnóstico pode fazer toda a diferença na vida de uma pessoa.
É comum as pessoas atribuirem os mais diferentes sintomas ao Diabetes, bem como tentarem realizar o diagnóstico do Diabetes apenas por pequenos trechos de conversas informais.
Mas será que é realmente possível chegarmos ao diagnóstico dessa forma?

Qual médico devo consultar?
O Diabetes é uma doença que está rodeada de muitos mitos e desinformações. Estar com o profissional certo é essencial para que você tenha um bom cuidado.
É muito importante sempre se consultar com um médico que entenda sobre sua condição de saúde e que possa te direcionar para o tratamento mais adequado para você.
Dr Gabriel Cozza é Médico formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Mestre em Medicina pela Universidade de Lisboa (ULisboa) e possui Pós Graduação em Endocrinologia e Metabologia pela IBCMED.

Anamnese
Para chegarmos ao Diagnóstico do diabetes o primeiro passo é uma boa anamnese – a entrevista com o paciente. Uma conversa bem direcionada com o paciente, com uma boa escuta e sem pressa, já nos traz informações muito importantes e que podem nos levar a suspeitar que estamos diante de uma pessoa que ainda não obteve o diagnóstico do diabetes.
Quando colhemos uma boa anamnese recebemos uma serie de informações que sozinhas não significam muita coisa, mas quando colocadas lado a lado nos direcionam para o caminho certo. O motivo daquela consulta muitas vezes já nos traz muitas informações.
Os sintomas clássicos do Diabetes tipo II são:
- Muitas idas ao banheiro (poliúria), fazendo até com que o paciente acorde várias vezes à noite
- Muita sede (polidipsia)
- Aumento da fome (polifagia)
Além dos sintomas clássicos, existem ainda alguns sintomas sugestivos:
- Turvação visual
- Cansaço intenso
- Infecções recorrentes
- Má cicatrização de feridas.
Porém é muito comum que o DM2 seja assintomático, uma vez que ele ocorre de forma lenta ao longo dos anos. Então como a anamnese vai nos ajudar?
Os hábitos de vida daquela pessoa também vai nos ajudar a chegar na suspeita do Diabetes:
- Sedentarismo, sobrepeso e obesidade
- Tabagismo
- Sono com qualidade insatisfatória
- Hábitos alimentares ruins
São sinais de alerta quando fazemos a anamnese pois são fatores de risco para o desenvolvimento do DM2. Estes são os chamados Fatores Ambientais.
Além disso, a história familiar tem um peso importante no momento da entrevista com o paciente. Se os pais e parentes próximos dessa pessoa têm uma história positiva para DM2, existem grandes chances de que esta pessoa também venha a manifestar a doença em algum momento da vida, principalmente se os fatores ambientais também levarem para esse caminho. A soma de todas essas informações nos levam mais perto de fechar ou descartar o diagnóstico do diabetes.

Exames Complementares
Mesmo quando temos uma história muito sugestiva, não podemos fechar o diagnóstico do diabetes apenas com ela.
São necessários exames complementares para fecharmos o diagnóstico do diabetes.
Podemos utilizar 3 exames, sempre através da identificação da hiperglicemia. A glicemia de jejum, a hemoglobina glicada e o teste de tolerância à glicose por via oral (TTGO). Na maior parte dos casos serão necessários pelo menos 2 exames alterados para fechar o diagnóstico de Diabetes.
Glicemia de jejum
A glicemia de jejum demonstra como o organismo se comporta durante a privação de alimento. Após o período de jejum o nível de açúcar no sangue – a glicemia – deve estar abaixo de 100mg/dl. Se estiver maior ou igual a 126mg/dl é indicativo de DM.
Hemoglobina glicada
Já a hemoglobina glicada apresenta uma média da glicemia, e não a glicemia no momento do exame, nos permitindo analisar um panorama mais amplo. O resultado normal para este exame são valores abaixo de 5,7%. Os valores maiores ou iguais a 6,5% são indicativos de Diabetes.
Teste de Tolerância à Glicose por via Oral
Já o TTGO é realizado com uma sobrecarga de 75 gramas de glicose por via oral. O paciente bebe esta solução e então é realizado uma glicemia após 1h ou após 2h para se avaliar como o corpo respondeu. Os valores normais para esse teste são glicemias menores do que 155mg/dl – após 1h – ou 140mg/dl – após 2h. Já valores iguais ou maiores a 209 mg/dl (após 1h) e 200mg/dl (após 2h) são indicativos de Diabetes.
Todos os testes apresentam limitações metodológicas, porém a combinação de resultados positivos nos permite o diagnóstico do diabetes com segurança. Existem ainda situações especiais que nos permitem fechar o diagnóstico com apenas um exame, como por exemplo quando, na presença de sintomas típicos de diabetes, houver glicemia plasmática ao acaso maior ou igual a 200mg/dl.
Sempre que houver resultados discordantes, deve-se repetir o exame para que se possa chegar a um resultado mais preciso.
A diferença entre o resultado considerado normal e o indicativo de Diabetes se trata de uma alteração no metabolismo do carboidrato, chamado de Pré-Diabetes. Não se preenche os critérios para o diagnóstico do Diabetes, mas indica uma alteração na glicemia. Deve-se levar em consideração ainda que nem todos os indivíduos desse grupo vão desenvolver o diabetes futuramente
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Fonte: https://diretriz.diabetes.org.br/diagnostico-de-diabetes-mellitus/