Diabetes Mellitus é uma doença crônica, multifatorial, que se dá devido a falta de insulina e / ou da incapacidade da insulina exercer o seu papel, gerando aumento dos níveis de açúcar no sangue (hiperglicemia).
Existem diferentes tipos de Diabetes e cada um apresenta sua particularidade. Aqui vamos conhecer os principais tipos, suas características específicas e semelhanças.
Os mais conhecidos são o Diabetes Tipo I, que mais comumente se manifesta na infância e juventude e que apresenta uma dependência do uso de insulina desde o início da doença, e o Diabetes Tipo II, que normalmente se manifesta em uma fase mais avançada da vida e que está muito relacionado com hábitos alimentares e sedentarismo.
Além desses tipos, existem ainda o Diabetes LADA e MODY que apresentam suas próprias características mas que são menos prevalentes e conhecidos, entre outros tipos.

Qual médico devo consultar?
O Diabetes é uma doença que está rodeada de muitos mitos e desinformações. Estar com o profissional certo é essencial para que você tenha um bom cuidado.
É muito importante sempre se consultar com um médico que entenda sobre sua condição de saúde e que possa te direcionar para o tratamento mais adequado para você.
Dr Gabriel Cozza é Médico formado pela Universidade Federal do Rio de Janeiro (UFRJ), Mestre em Medicina pela Universidade de Lisboa (ULisboa) e possui Pós Graduação em Endocrinologia e Metabologia pela IBCMED.

Sintomas
Os sintomas do Diabetes podem apresentar uma variabilidade de manifestações intensa de pessoa para pessoa e entre os tipos de Diabetes.
Apesar disso, existem aqueles sintomas que são considerados clássicos do diabetes e por isso merecem nosso destaque:
- Sede excessiva (polidipsia)
- Muitas idas ao banheiro (poliúria)
- Aumento do apetite (polifagia)
Além desses, pode haver ainda a manifestação de sintomas que são menos específicos mas que também podem ser manifestados devido a hiperglicemia e alterações do metabolismo da glicose no corpo:
- Visão embaçada (turvação visual)
- Cansaço intenso
- Sono constante
- Falta de energia
- Desânimo
- Infecções recorrentes
- Má cicatrização de feridas
Em casos específicos o Diabetes pode se manifestar de forma assintomática ou com sintomas muito discretos, que não chamam a atenção, dificultando o diagnóstico do quadro.
Diagnóstico
O Diagnóstico é realizado com a Anamnese – a coleta da história clínica contada pelo paciente, seu relato dos sintomas, fatores de risco e histórico familiar – associada a exames laboratoriais que evidenciam a hiperglicemia.
São necessários pelo menos dois exames alterados para poder fechar o diagnóstico, mesmo que na mesma amostra de sangue.
Eventualmente, na presença de sintomas clássicos associado a glicemias acima de 200mg/dl, é possível realizar o diagnóstico mesmo com apenas um exame
Os exames utilizados para o diagnóstico são:
- Glicemia de jejum – Valores iguais ou maiores que 126 mg/dl
- Hemoglobina glicada – Valores iguais ou maiores que 6,5%
- Teste de Tolerância Oral à Glicose – Valores iguais ou maiores a 209 mg/dl após 1h de exame ou valores iguais ou maiores a 200 mg/dl após 2h.
Em geral, utilizamos com mais frequência os exames de glicemia de jejum e a hemoglobina glicada, pela facilidade de realização quando comparado ao Teste de Tolerância Oral à Glicose que é um exame mais demorado e que envolve preparo.

Diabetes Tipo II
O Diabetes Tipo II (DM2) é o tipo mais comum entre todos e é caracterizado por uma hiperglicemia como consequência a uma resistência do corpo à ação da insulina. Ao longo da evolução natural da doença é comumente observado também uma diminuição da capacidade de produção de insulina pelo corpo.
Fatores ambientais (alimentação, tabagismo, obesidade e sedentarismo) estão os principais causadores de DM2 na população, mas atualmente já sabemos que fatores genéticos também têm grande importância na manifestação da doença.
O diagnóstico do DM2 é habitualmente feito em exames de rotina com o resultado positivo em pelo menos 2 exames. Por se manifestar de forma mais silenciosa quando comparado ao DM1, muitas vezes o diagnóstico é postergado devido a ausência às consultas médica.
O tratamento do Diabetes Tipo II é multi fatorial, ou seja, será através de diferentes estratégias que buscaremos manter os níveis de glicemia na meta desejada. Além das medicações, que atuam em diferentes processos no corpo, a alimentação e a atividade física são os pilares do tratamento do DM2.
O cuidado com o Diabetes é muito importante para evitar as complicações da doença. A hiperglicemia prolongada pode gerar consequências negativas no nosso corpo, incluindo:
- AVC
- Infarto
- Lesões Vasculares em membros inferiores – Lesões que não melhoram até amputações
- Insuficiência Renal
- Alterações Visuais – Incluindo cegueira
Por isso é muito importante seguir corretamente o tratamento. Com o tratamento adequado, as chances de complicações são mínimas e é possível se manter com qualidade de vida e sem abrir mão de tudo que você ama.

Pré Diabetes
Pré Diabetes é um termo que utilizamos para classificar um estágio intermediário entre um exame sem alterações – com a glicemia dentro dos valores de referência – e um exame com diagnóstico fechado de diabetes.
Os critérios para classificação como pré Diabetes são:
- Glicemia de jejum: Resultados maiores ou iguais a 100mg/dl e menores do que 126mg/dl
- Hemoglobina glicada: Valores compreendidos entre 5,7% e 6,5%
- Teste de Tolerância Oral à Glicose (TTGO): Resultados entre 155mg/dl e 209mg/dl quando realizado a medição da glicemia em 1h ou entre 140mg/dl e 200mg/dl quando realizado a medição da glicemia após 2h
Muitas vezes se manifesta de forma assintomática – sem sintomas – ou com sintomas discretos, que não despertam a preocupação do paciente e o diagnóstico fica dificuldade. Normalmente apenas em exames de rotina se detecta esse tipo de alteração.
Esse estado é um indicativo de um descontrole glicêmico pelo organismo e é um fator de risco elevado para o desenvolvimento de DM2. Sendo assim, se a pessoa continuar com os mesmos hábitos, existe uma grande possibilidade do desenvolvimento do Diabetes no futuro.
O Pré Diabetes deve funcionar como um termômetro. Ele nos indica que há algo diferente da normalidade e que deve ser observado. Soa como um alerta para nós que se continuarmos com os mesmos hábitos que mantivemos até agora é possível que o quadro evolua para o Diabetes.
Porém, da mesma maneira, é uma possibilidade de mudarmos nossos comportamentos e hábitos de vida, melhorar alimentação, realizar atividades físicas, melhor cuidado com o sono e estresse e com isso tentar melhorar os resultados encontrados nos exames.
O tratamento desta condição com mudança de hábitos de vida deve ser sempre estimulada, pois seus benefícios são para todas as pessoas. Porém, em alguns casos, pode ser necessário iniciar também com tratamento medicamentoso para otimizar o desempenho do tratamento. Cada caso deve ser avaliado de forma individual para se optar pela melhor opção para o seu caso.
Pode ser possível reverter o quadro de pré Diabetes com o tratamento correto, sendo fundamental a mudança de hábitos de vida. Eventualmente, mesmo que se tenha iniciado com uso de medicação pode ser possível sua suspensão e a manutenção de bons níveis de glicemia. Cada indivíduo responde ao tratamento de uma forma diferente e não é possível garantir a reversão do quadro, mas o tratamento adequado é sempre benéfico para o paciente.
Os níveis de glicemia classificados como pré Diabetes já podem apresentar consequências negativas para o corpo ao longo prazo, contribuindo para as complicações da doença. Por isso esta condição não deve ser neglicenciada.
Diabetes Tipo I
O Diabetes Tipo I é causada por uma deficiência de insulina devido à destruição das células beta, que são responsáveis pela produção de insulina no pâncreas.
É uma doença que comumente se manifesta na infância, sendo uma das doenças crônicas mais comuns da infância, mas um em cada quatro casos apresentam manifestações e o diagnóstico apenas na idade adulta.
O quadro clássico de Diabetes Tipo I se apresenta com os seguintes sintomas:
- Sede excessiva (polidipsia)
- Muitas idas ao banheiro (poliúria)
- Aumento do apetite (polifagia)
- Perda de peso involuntária
Além desses sintomas, a pessoa também apresenta o nível de açúcar no sangue, a glicemia, com valores elevados.
Muitas vezes o diagnóstico é feito em uma condição clínica mais grave, e potencialmente fatal, chamada cetoacidose metabólica. Essa condição acontece quando os níveis de glicemia atingem valores muito elevados, gerando uma acidificação do sangue e podendo levar a pessoa ao estado de coma. O tratamento deve ser rápido e adequado para reverter este quadro de emergência.
Como o Diabetes Tipo I se apresenta com a deficiência de produção de insulina, a base do tratamento será o fornecimento de insulina para o corpo de forma mais semelhante possível ao que seria feito pelo organismo.

Diabetes LADA e MODY
Estes são tipos menos conhecidos Diabetes e possuem características muito particulares. Ambos apresentam uma deficiência na produção de insulina pelo corpo, porém se manifestam de forma mais tardia do que o DM1.
Diabestes Tipo LADA
O Tipo LADA apresenta um início dos sintomas mais insidioso quando comparado ao DM1 e tem comumente se apresenta nos adultos jovens. O diagnóstico pode ser confirmado com a presença de alguns anti corpos específicos além dos sinais e sintomas.
O diagnóstico deste tipo tem aumentado nos últimos anos, permitindo o tratamento adequado e com melhores resultados para as pessoas. Ser capaz de identificar corretamente qual é o seu tipo de Diabetes é essencial para um bom cuidado.
Diabetes Tipo MODY
Já o DM MODY não apresenta anti corpos positivos ao exame de sangue sendo caracterizado por alterações genéticas. A manifestação dos sintomas ocorre normalmente em pacientes jovens sem fatores ambientais sugestivos de DM2.
Tratamento do Diabetes
O tratamento vai variar de acordo com o tipo de diabetes e com as particularidades de cada pessoa. É necessário avaliar individualmente cada caso para oferecer o tratamento mais preciso.
Existem diversos medicamentos para o tratamento que atuam com diferentes estratégias e deve ser avaliado a necessidade do paciente na hora de escolher a medicação a ser utilizada.
Apesar disso, existem pilares que são fundamentais para o tratamento e que, sempre que possível, devem ser recomendados para todas as pessoas que receberem o diagnóstico: São os hábitos saudáveis.
Hábitos de vida
A implementação de hábitos saudáveis é fundamental para conseguirmos um bom resultado com o nosso tratamento, independente do tipo.
Com a prática desses hábitos, conseguimos melhorar o cuidado com a glicemia e obter melhores resultados no nosso tratamento.
Os hábitos que devem ser estimulados são:
- Alimentação Saudável
- Prática de Atividade Física
- Sono de qualidade
- Hidratação
- Gerenciamento do Stress

Dieta para Diabetes
A alimentação é um dos principais pilares para o tratamento e não pode ser neglicenciada se desejarmos obter bons resultados com a glicemia.
Porém, um erro muito comum é acreditar que é necessário para de consumir tudo aquilo que você gosta de comer ou beber apenas porque recebeu o diagnóstico.
Com o acompanhamento nutricional adequado – com nutricionista especialista em diabetes – é possível montar estratégias adequadas e funcionais para atingir bons níveis de glicemia sem ter que viver de dietas restritivas ou sem graça.
O diagnóstico de Diabetes não gera a proibição de consumir nenhum alimento. Mas é necessário a combinação certa de alimentos para evitar impactos negativos na glicemia
- Evitar consumir carboidratos simples de forma isolada – sempre adicionar fibras ou proteínas
- Começar a refeição pelas fibras, depois consumir as proteínas e por último os carboidratos
- Evitar consumir doces longe de refeições – utilizar como sobremesa diminuí o impacto na glicemia
- Controle das porções
Tratamento medicamentoso
O medicamento que é mais associado ao diabetes é a insulina, mas não é sempre que é necessário a sua utilização para o bom resultado no tratamento.
Pacientes com DM tipo 1 apresentam uma deficiência na produção de insulina pelo corpo, por isso é necessário fazer uso de insulina para o seu tratamento. Faremos isso de forma a ser o mais parecido com o funcionamento do corpo quanto possível, utilizando uma insulina basal para o funcionamento do organismo e uma insulina de ação rápida ou ultra rápida para os momentos de alimentação, de forma a manter a glicemia sempre o mais próxima da meta definida durante o tratamento.
Já pacientes com DM tipo 2 apresentam uma resistência à ação da insulina mas, em geral, conseguem produzir este hormônio. Desta forma, apenas pelo fato de receber o diagnóstico de diabetes tipo 2, não significa que será necessário utilizar insulina. Entretanto, se for necessário esta também pode ser uma estratégia utilizada para atingir os objetivos do tratamento.
Na maioria dos casos vamos iniciar o tratamento do paciente com DM tipo 2 com medicação oral para conseguirmos reduzir os níveis de glicemia e evitar as complicações do diabetes. Existem diferentes classes de medicamentos que atuam de diversas formas no organismo. O Glifage (metformina) é comumente utilizado como estratégia inicial do tratamento do diabetes, mas isso pode variar de caso para caso.
A escolha da medicação ou da associação de medicamentos para o tratamento do diabetes é feita levando em consideração os exames apresentados, os sintomas e os riscos de complicações que estamos diante durante a consulta, sendo sempre uma decisão individualizada.
Leia também:
Fonte: www.diretriz.diabetes.org.br/classificacao-do-diabetes/